segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ainda se morre por amor?


Apesar da eminente tristeza, há sempre algo de poético na morte. Para quem não é conhecedor, Felix Mendelssohn Bartholdy, que se supõe ter-se suicidado, fê-lo, presumidamente, por amor. Ou pelo desvelo não correspondido. Histórias são facilmente montadas em cima de vidas extraordinárias ou génios imortais, é certo. Não me é, no entanto, mais fácil não sentir um honesto desconsolo por tamanho prodígio ter posto um fim à sua vida. Seriam todos eles miseráveis de infelicidade e não seria isso que desencadeava tão belas obras e o seguimento da soturnidade para composições como  a Op. 64, Concerto para violino em mi menor (1844) e a imortal Sonho de uma Noite de Verão? Na verdade, nunca saberemos. Mas enternece-me saber-lhe tamanha paixão.
Muito mais tarde, haveriam de cometer a indelicadeza de lhe conotarem as obras com algum  kitsch religioso - lembre-se a Marcha Nupcial, que ainda hoje toca na celebração dos matrimónios. Pessoalmente, considero magistral todo o requinte de Mendelssohn. Sabê-lo tão febril nas suas convicções amorosas, rouba suspiros de qualquer mulher (deixemos a racionalidade de lado durante breves segundos). Foi trágico e insensato a amar, tal como foi genial a criar música.

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